O autor americano W.E.B. Du Bois dedica um capítulo do seu livro "The Negro" de 1915 ao Egito e à Etiópia. O capítulo traz uma leitura valiosíssima que infelizmente seria demasiado longo para ser postado aqui em totalidade. Vejamos alguns trechos do capítulo:
"...a civilização egípcia parece ter sido africana em suas origens e em sua linha principal de desenvolvimento, a despeito de fortes influência de todas as partes da Ásia. De qual raça eram, então, os egípcios? Eles certamente não eram brancos em nenhum sentido do uso moderno dessa palavra - nem em cor ou em medidas físicas, no cabelo ou semblante, na língua ou nas normas sociais. Eles se relacionavam mais à raça negra em tempos antigos, e então, gradualmente através de infiltração de elementos mediterrâneos e semíticos, tonaram-se o que seria descrito na América como mulatos claros, do mesmo tipo dos octoroons ou quadroons*. Esse tipo foi variado continuamente: ora por nova infiltração de sangue negro do sul, ora por sangue negroide e semita do leste, ora por tipos bérberes do norte e oeste.
Monumentos egípcios mostram faces distintamente negras e mulatas. Heródoto, numa passagem indiscutível, refere-se aos egípcios como 'negros e de cabelo cacheado' - uma declaração peculiarmente significante de alguém acostumado ao tipo moreno mediterrâneo; em outra passagem, a respeito da fábula do Oráculo Dodoniano, ele novamente refere-se à cor morena dos egípcios como excedentemente escura e até mesmo negra. Ésquilo, mencionando um barco avistado da orla, declara que sua tripulação é egípcia por causa da sua tez negra.
Medidas modernas, com todas as suas admitidas limitações, mostram que em Tebaida, de um sétimo a um terço da população egípcia era negra e que, no Egito pré-dinástico, menos da metade podia ser classificada como não-negroide. A julgar pelas medidas nas tumbas dos nobre até à oitava dinastia, os negros formam pelo menos um sexto da classe alta. [...] A evidência da língua também liga o Egito à África e à raça negra em vez de à Ásia, enquanto cerimônias religiosas e costumes sociais reforçam essa evidência.
A história étnica do nordeste da África pareceria, portanto, ter sido esta: o Egito pré-dinástico foi estabelecido por negros da Etiópia. [...] Sacerdotes negros aparecem em Creta três mil anos antes de Cristo, e a Arábia é, até hoje, inteiramente impregnada de sangue negro. [...]
Blyden, o grande líder moderno da África Ocidental, disse da Esfinge de Giza: 'Suas feições são decididamente do tipo africano ou negro, com "narinas expandidas"'... [...]
'Os etíopes consideram-se', diz Diodoro Sículo (Lib. III), 'mais antigos que qualquer outra nação... Eles afirmam que os egípcios são uma de suas colônias'.
Os próprios egípcios, mais tarde, afirmaram que eles e sua civilização vieram do sul e de tribos negras de Punt, e certamente 'no período mais antigo no qual restos humanos foram recuperados no Egito e na Baixa Núbia, parecem ter formado cultura e racialmente uma só terra'."
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* Mestiços com um oitavo a um quarto de ascendência negra
"...a civilização egípcia parece ter sido africana em suas origens e em sua linha principal de desenvolvimento, a despeito de fortes influência de todas as partes da Ásia. De qual raça eram, então, os egípcios? Eles certamente não eram brancos em nenhum sentido do uso moderno dessa palavra - nem em cor ou em medidas físicas, no cabelo ou semblante, na língua ou nas normas sociais. Eles se relacionavam mais à raça negra em tempos antigos, e então, gradualmente através de infiltração de elementos mediterrâneos e semíticos, tonaram-se o que seria descrito na América como mulatos claros, do mesmo tipo dos octoroons ou quadroons*. Esse tipo foi variado continuamente: ora por nova infiltração de sangue negro do sul, ora por sangue negroide e semita do leste, ora por tipos bérberes do norte e oeste.
Monumentos egípcios mostram faces distintamente negras e mulatas. Heródoto, numa passagem indiscutível, refere-se aos egípcios como 'negros e de cabelo cacheado' - uma declaração peculiarmente significante de alguém acostumado ao tipo moreno mediterrâneo; em outra passagem, a respeito da fábula do Oráculo Dodoniano, ele novamente refere-se à cor morena dos egípcios como excedentemente escura e até mesmo negra. Ésquilo, mencionando um barco avistado da orla, declara que sua tripulação é egípcia por causa da sua tez negra.
Medidas modernas, com todas as suas admitidas limitações, mostram que em Tebaida, de um sétimo a um terço da população egípcia era negra e que, no Egito pré-dinástico, menos da metade podia ser classificada como não-negroide. A julgar pelas medidas nas tumbas dos nobre até à oitava dinastia, os negros formam pelo menos um sexto da classe alta. [...] A evidência da língua também liga o Egito à África e à raça negra em vez de à Ásia, enquanto cerimônias religiosas e costumes sociais reforçam essa evidência.
A história étnica do nordeste da África pareceria, portanto, ter sido esta: o Egito pré-dinástico foi estabelecido por negros da Etiópia. [...] Sacerdotes negros aparecem em Creta três mil anos antes de Cristo, e a Arábia é, até hoje, inteiramente impregnada de sangue negro. [...]
Blyden, o grande líder moderno da África Ocidental, disse da Esfinge de Giza: 'Suas feições são decididamente do tipo africano ou negro, com "narinas expandidas"'... [...]
'Os etíopes consideram-se', diz Diodoro Sículo (Lib. III), 'mais antigos que qualquer outra nação... Eles afirmam que os egípcios são uma de suas colônias'.
Os próprios egípcios, mais tarde, afirmaram que eles e sua civilização vieram do sul e de tribos negras de Punt, e certamente 'no período mais antigo no qual restos humanos foram recuperados no Egito e na Baixa Núbia, parecem ter formado cultura e racialmente uma só terra'."
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* Mestiços com um oitavo a um quarto de ascendência negra