A Núbia (ou Império Cuxita ou ainda Reino de Cuxe) foi um reino localizado onde hoje é o Sudão, ao sul do Egito. Os gregos antigos a chamavam de Etiópia (que em grego significa "rosto queimado") - não confundir com a nação atual da Etiópia (conhecida historicamente como Sabá, Axum/Aksum e Abissínia)
A Núbia foi a nação que esteve mais estreitamente ligada ao Egito antigo - não só geograficamente, mas também culturalmente ao ponto de tornarem-se, em alguns momentos, quase indistinguíveis. De fato, no Sudão há mais pirâmides que no próprio Egito. O Egito conquistou a Núbia, anexando partes do seu território ao Egito. Mais tarde, a Núbia "daria o troco", conquistando e dominando o Egito por mais de um século. O rei/faraó mais conhecido dessa época é, sem dúvida, Tiraca (ou Taharqa), mencionado na Bíblia como o "rei da Etiópia" (Isa. 37:9; 2 Re. 19:9). A propósito, Will Smith tem um projeto chamado "The Last Pharaoh" ("O Último Faraó") no qual ele deseja interpretar Tiraca. Dr. Clarence Walker descreve Tiraca como sendo tão terrível que os seus inimigos fugiam pela mera menção do seu nome. Tiraca não foi o único rei guerreiro núbio. Mais tarde (c. 332 a.C.), a rainha Shanakdakheto preparou um exército montado em elefantes contra a invasão de Alexandre, o Grande (o combate, porém, aparenta não ter acontecido de fato, pois Alexandre desviou suas tropas para o Egito). "A conquista do Egito pelos romanos em 30 a.C. trouxe um novo desafio ao Reino de Cuxe, ao sul. Augusto César, imperador romano, ameaçava uma invasão, seguindo sua campanha egípcia. Segundo Estrabão, um famoso geógrafo, nalgum momento entre 29 e 24 a.C. o conflito com Cuxe começou. Kentake (i.e.: Rainha-Mãe) Amanirenas , a regente cuxita, deu ordem para marchar ao Egito e atacar os invasores. Akindad [filho de Amanirenas] liderou as campanhas contra os exércitos romanos de Augusto. Os cuxitas saquearam Assuã com um exército de 30.000 homens e destruíram as estátuas de César em Elefantina." Retornaram a Cuxe com espólios e prisioneiros. O exército romano contra-atacou, mas no fim, declararam paz. Referências http://www.geni.com/projects/Queens-Women-Warriors-of-Africa/14190 http://www.britannica.com/EBchecked/topic/421485/Nubia http://www.abafa.org/warriorqueens/ http://en.wikipedia.org/wiki/Amanirenas#Roman_Conflict http://www.whenweruled.com/articles.php?lng=en&pg=9 http://atlantablackstar.com/2013/10/29/10-fearless-black-female-warriors-throughout-history/3/ http://en.wikipedia.org/wiki/Nubia#Nubia_and_Ancient_Egypt http://en.wikipedia.org/wiki/Twenty-fifth_Dynasty_of_Egypt http://www.youtube.com/watch?v=BCHPuqtjCRU A FARSA Em 2011, alguns jornais e revistas online publicaram uma matéria afirmando que, de acordo com um exame de DNA, o Faraó Tutancâmon seria 99,6% europeu, pois pertenceria ao haplogrupo R1b1a2. Os haplogrupos indicam a ancestralidade da pessoa examinada. O haplogrupo R1b1a2 é comum à Europa, sendo compartilhado por mais de metade da população masculina europeia. Mas como se chegou à conclusão de que Tutancâmon pertenceria a esse haplogrupo? É simplesmente absurdo! A empresa genômica suíça iGenea afirmou ter avistado o exame de DNA do Faraó num documentário do Discovery Channel, que segundo a empresa, os pesquisadores teriam deixado "escapulir" por acidente! Carsten Pusch, geneticista da Universidade de Tubingen (Alemanha) - cientista que foi parte da equipe que examinou de perto o DNA de Tutancâmon - publicou parte do exame no JAMA (Diário da Associação Médica Americana), mas recusou-se a revelar o haplogrupo ao qual o Faraó pertenceria. Mas tamanha falta de profissionalismo por parte da iGenea tem uma explicação: a empresa lançou um projeto para encontrar descendentes do Faraó, no qual os interessados devem pagar até 1.099 euros por uma análise genética para determinar a ascendência. Se ainda resta alguma dúvida a respeito da invalidade da afirmação acima (de que Tutancâmon era 99,6% europeu), Pusch, o mesmo geneticista que participou da pesquisa, afirmou em entrevista à LiveScience que a afirmação da iGenea é, em sua próprias palavras, "simplesmente impossível". "Dr. Albert da EURAC em Bolzano e co-autor da publicação no JAMA em 2010 visualizou a gravação e confirmou que a empresa age de forma anticientífica. A empresa suíça não tentou nos contactar antes de lançar sua nova página na Internet", disse Pusch. Apesar de negar a afirmação da iGenea, Pusch e sua equipe, por razões desconhecidas, recusam revelar o verdadeiro haplogrupo de Tutancâmon. O QUE AS ANÁLISES GENÉTICAS REVELAM Análise genética feita pela empresa DNA Tribes dos Faraós Tutancâmon e Amenófis III, assim como Yuia (cortesão) e Tuiu (nobre) e outras múmias encontradas em Armana apresentaram unanimemente ancestralidade africana e afinidade genética com grupos da África Subsaariana (a chamada "África Negra"). Uma das múmias, de identidade desconhecida, (chamada de múmia KV35YL) apresentou ancestralidade majoritariamente sul-africana com marcas de DNA de populações da Península Arábica, Europa e Ásia, indicando uma possível mestiçagem. Em outra análise, a DNA Tribes examinou o Faraó Ramsés III e os resultados mais uma vez indicaram ancestralidade subsaariana. Outro estudo não relacionado indicou que Ramsés III pertencia ao haplogrupo E1b1a, subtipo do haplogrupo E-V38, encontrado na África Ocidental, África Central, Sul da África, Norte da África e em partes sulistas da África Oriental. É encontrado com baixa frequência em árabes (menos de 8%) - os atuais moradores do Egito moderno. CONTRA O RACISMO DE HOLLYWOOD
Está previsto para 2016, o lançamento do filme "Gods of Egypt" e será decepcionante ver Hollywood mais uma vez usurpar a história negra do Antigo Egito. Tenho certeza que o elenco será "de primeira", porém não refletirá a realidade histórica evidente. Por isso, a Thorne Studios criou um abaixo-assinado online que pode ser assinado, clicando aqui. Mais de 16.000 pessoas assinaram, mas eles ainda necessitam de +8.000 assinaturas. Um time de cientistas e especialistas em efeitos especiais de três continentes juntaram forças para reconstruir o rosto do famoso Faraó Tutancâmon. Entre os cientistas, havia o Dr. Robin Richards, especialista em reconstrução facial, cuja técnica tem sido usada pela polícia para reconstruir corpos não identificados. Ao lado, o resultado do seu trabalho: o rosto de Tutancâmon reconstruído Ao lado, a reconstrução do rosto de uma múmia que pode ter sido a Rainha Nefertiti. Esta reconstrução foi feita por um grupo de egiptólogos liderados pelo cientista Joan Fletcher da Universidade de York.
Dois especialistas em técnicas forenses fizeram a reconstrução a partir de raios-X digitais da caveira. Eles são especialistas em reconstrução facial humana para casos de homicídio. Não se sabe ao certo se a caveira realmente pertencia a Nefertiti, porém os cientistas a acharam surpreendentemente parecida com os retratos da Rainha. Luciano de Samósata, nascido aprox. em 125 EC, na província romana da Síria, escreveu uma narrativa chamada Navigium. Perceba como os participantes do diálogo descrevem os egípcios:
"Samippus: Você sabe quando foi que nos perdemos dele, Lycinus? Deve ter sido quando aquele belo garoto subiu do porão, você sabe, com o linho limpo e bonito, e o cabelo dele partido ao meio e amarrado em um nó para trás. Se eu conheço Adimantus, assim que avistou aquela visão charmosa, disse adeus ao comerciante de barcos egípcio que estava nos apresentando; e agora deve estar desejando seu terno chorado. Você sabe, o jeito dele. As lágrimas veem natural para ele nesses negócios do coração. Lycinus: Bem, mas, Samippus, esse garoto não era nada grandioso, para que tenha feito tal conquista; Adimantus tem as beldades de Atenas à sua disposição; belos garotos educados, com o bom grego em suas línguas e a marca do ginásio em cada músculo; um homem pode sofrer sob o rigor desses com algum crédito. Já esse rapaz, para não dizer nada de sua pele escura e lábios salientes e pernas finas, suas palavras tropeçavam numa pilha, uma por cima da outra; era o grego, é claro, mas a voz e o sotaque eram nascidos no Egito. E o cabelo, então: homem livre algum jamais teve seu cabelo amarrado em um nó para trás daquele jeito. Timolaus: Oh, mas isso é um sinal de nascimento nobre no Egito, Lycinus. Todos os filhos dos cavalheiros têm seu cabelo amarrado até alcançar a virilidade [...]" Heródoto, em seu livro "Histórias", afirma ter ouvido de sacerdotisas em Tebas um oráculo sobre duas pombas. Numa tentativa de decifrar o oráculo, o autor diz: "E, ao dizerem que a pomba era negra, elas indicavam que a mulher era egípcia." A obra judaica Bereshit Rabbah (também conhecido como Genesis Rabba), ao contar a história da peregrinação de Abraão e Sara em direção ao Egito, relata:
"Nós passamos por Aram-Naharaim e Aram-Nahor e não encontramos uma mulher tão bonita quanto você. Agora, estamos entrando num lugar de gente feia e negra. Por favor, diga que é minha irmã". A história é também relatada na Bíblia, em Gên. 12, porém o texto bíblico não faz menção à aparência dos egípcios. Numa passagem polêmica do mesmo texto judaico, Noé amaldiçoa seu filho Cam, o qual, segundo a Bíblia seria o patriarca do egípcios e dos africanos em geral: "Você me impediu de fazer algo no escuro, portanto, a sua semente será feia e de pele escura. R. Hiyya disse: Cam e o cachorro copularam na Arca, portanto, Cam apareceu negro, enquanto o cachorro expõe publicamente a sua copulação." David Goldenberg, escritor de Curse of Ham, cita o bispo Teodoro de Mopsuéstia dizendo que a esposa de Salomão era "escura como todos os egípcios e etíopes". O autor americano W.E.B. Du Bois dedica um capítulo do seu livro "The Negro" de 1915 ao Egito e à Etiópia. O capítulo traz uma leitura valiosíssima que infelizmente seria demasiado longo para ser postado aqui em totalidade. Vejamos alguns trechos do capítulo:
"...a civilização egípcia parece ter sido africana em suas origens e em sua linha principal de desenvolvimento, a despeito de fortes influência de todas as partes da Ásia. De qual raça eram, então, os egípcios? Eles certamente não eram brancos em nenhum sentido do uso moderno dessa palavra - nem em cor ou em medidas físicas, no cabelo ou semblante, na língua ou nas normas sociais. Eles se relacionavam mais à raça negra em tempos antigos, e então, gradualmente através de infiltração de elementos mediterrâneos e semíticos, tonaram-se o que seria descrito na América como mulatos claros, do mesmo tipo dos octoroons ou quadroons*. Esse tipo foi variado continuamente: ora por nova infiltração de sangue negro do sul, ora por sangue negroide e semita do leste, ora por tipos bérberes do norte e oeste. Monumentos egípcios mostram faces distintamente negras e mulatas. Heródoto, numa passagem indiscutível, refere-se aos egípcios como 'negros e de cabelo cacheado' - uma declaração peculiarmente significante de alguém acostumado ao tipo moreno mediterrâneo; em outra passagem, a respeito da fábula do Oráculo Dodoniano, ele novamente refere-se à cor morena dos egípcios como excedentemente escura e até mesmo negra. Ésquilo, mencionando um barco avistado da orla, declara que sua tripulação é egípcia por causa da sua tez negra. Medidas modernas, com todas as suas admitidas limitações, mostram que em Tebaida, de um sétimo a um terço da população egípcia era negra e que, no Egito pré-dinástico, menos da metade podia ser classificada como não-negroide. A julgar pelas medidas nas tumbas dos nobre até à oitava dinastia, os negros formam pelo menos um sexto da classe alta. [...] A evidência da língua também liga o Egito à África e à raça negra em vez de à Ásia, enquanto cerimônias religiosas e costumes sociais reforçam essa evidência. A história étnica do nordeste da África pareceria, portanto, ter sido esta: o Egito pré-dinástico foi estabelecido por negros da Etiópia. [...] Sacerdotes negros aparecem em Creta três mil anos antes de Cristo, e a Arábia é, até hoje, inteiramente impregnada de sangue negro. [...] Blyden, o grande líder moderno da África Ocidental, disse da Esfinge de Giza: 'Suas feições são decididamente do tipo africano ou negro, com "narinas expandidas"'... [...] 'Os etíopes consideram-se', diz Diodoro Sículo (Lib. III), 'mais antigos que qualquer outra nação... Eles afirmam que os egípcios são uma de suas colônias'. Os próprios egípcios, mais tarde, afirmaram que eles e sua civilização vieram do sul e de tribos negras de Punt, e certamente 'no período mais antigo no qual restos humanos foram recuperados no Egito e na Baixa Núbia, parecem ter formado cultura e racialmente uma só terra'." ---- * Mestiços com um oitavo a um quarto de ascendência negra "Vivant Denon registrou a imagem da Esfinge de Giza aproximadamente em 1798. Essa imagem e o registro escrito é da edição de 1803 da revista Universal Magazine. O que é mais intrigante é que Denon não menciona dano algum ao nariz e lábios da Esfinge. Dessa mesma revista, eis o registro escrito sobre a Esfinge de Giza nas palavras do próprio Denon:
'...Apesar de suas proporções serem colossais, o contorno é puro e gracioso; a expressão da cabeça é branda e tranquila; o personagem é africano, mas a boca, e os lábios do qual são grossos, tem uma suavidade e delicadeza de execução verdadeiramente admiráveis...'" - Texto extraído do site do Freeman Institute Mostafa Hefny é um homem egípcio negro que vive nos EUA desde a década de 1970. Ele diz ser descendente de núbios (um dos povos que conquistaram o Egito na Antiguidade). Contudo, o governo americano, ao lhe garantir residência permanente, o classificou como "branco", pois ele era egípcio e, portanto, presumivelmente árabe, o que o classificaria como branco. Desde 1987, ele tem lutado inutilmente para ser classificado como negro! Na entrevista abaixo, ele faz os seguintes comentários: "Temos basicamente uma mistura dos egípcios antigos que se misturaram com árabes depois da Conquista Árabe. A população egípcia antiga era negra e marrom. Antes da Conquista Árabe, vieram os gregos em 300 a.C. e começaram a se misturar com a população local. Então, chegaram os romanos e governaram de 70 a.C. até serem conquistados e expulsos pelos árabes no século VII e esse povo se misturou com os coptas e tornaram a pigmentação dos egípcios, dos coptas, muito mais clara por causa da miscigenação com europeus." O entrevistador lhe pergunta: "Como você lida com a concepção errada do Egito como uma civilização branca?" " Isso é um grande problema," Hefny responde, "porque a civilização egípcia antiga era uma civilização negra de acordo com os acadêmicos gregos e romanos. O Antigo Egito só se tornou branco no século XIX e no século XX e o acadêmico que é responsável por isso é Seligman, o notório antropologista da Inglaterra, Seligman. A supremacia branca argumenta que os negros são inferiores aos brancos intelectualmente, são sub-humanos e são incapazes de construir uma civilização. A supremacia branca tinha um dilema até Seligman aparecer. O dilema era que o Egito Antigo era negro de acordo com acadêmicos gregos e romanos. Dez deles disseram isso, inclusive Aristóteles e Platão. Eles tinham este dilema: o Antigo Egito era negro, então se negros são inferiores intelectualmente, incapazes de construir uma civilização, por que os antigos egípcios construíram uma civilização? Seligman encontrou a solução para esse dilema. Ele criou uma teoria chamada 'teoria camítica'. Ele separou os negros que construíram uma civilização no Egito e na Etiópia do resto dos negros e chamou-lhes de 'brancos de pele marrom' ou camitas. Assim, Seligman salvou a supremacia branca desse dilema e todos os acadêmicos brancos o seguiram desde então. Isso foi no fim do século XIX e, desde esse tempo, acadêmicos brancos dizem que o Egito Antigo era branco ." Numa obra publicada em 1787, pelo francês Volney, o autor ressalta:
"Todos os egípcios têm um rosto intumescido, olhos inchados, nariz achatado, lábios grossos - em uma palavra, a verdadeira face do mulato. Fui tentado a atribuir isso ao clima, mas quando visitei a Esfinge, sua aparência deu-me a chave para o enigma. Ao ver aquele cabeça, tipicamente negra em todas as suas feições, lembrei-me da passagem assinalável onde Heródoto diz: 'Quanto a mim, julgo que os cólquidas sejam uma colônia dos egípcios, pois, como eles, são negros de cabelo lanoso...'" "Quando visitei a Esfinge, não pude evitar pensar que aquela figura do monstro fornecia a verdadeira solução do enigma (de como os egípcios modernos chegaram à sua aparência 'mulata')" "Em outras palavras, os antigos egípcios eram verdadeiros negros do mesmo tipo que todos os africanos nativos. Sendo assim, podemos ver como seu sangue, misturado por vários séculos com o dos gregos e dos romanos, devem ter perdido a intensidade da sua cor original, enquanto retendo, ainda assim, a impressão da sua forma original." "Apenas pense que essa raça de homens negros, hoje nossa escrava e o objeto de desprezo, é a mesma raça à qual devemos nossas artes, ciências e até mesmo o uso da fala! Apenas imagine, finalmente, que em meio ao povo que chama a si mesmo os maiores amigos da liberdade e da humanidade, aprovou-se a mais bárbara escravidão e questionou-se se os homens negros tinham a mesma inteligência que os brancos!" "Em outras palavras, os antigos egípcios eram verdadeiros negros da mesma ascendência que todos os povos nativos da África e, pelos dados, vê-se como a raça deles, após alguns séculos de mestiçagem com o sangue de romanos e gregos, deve ter perdido a negritude absoluta da sua cor original, mas reteve a impressão da sua forma original".¹ ---- Referência 1. M. Constantine de Volney, Travels through Syria and Egypt in the Years 1783, 1784, and 1785 (London: 1787), p. 80-83. |