Recentemente, fui praticamente “obrigado” a entrar em discussões sobre raça. Não gosto de discutir racismo abertamente com pessoas que não entendem as dinâmicas de como o racismo opera na sociedade. Geralmente, a conversa com tais pessoas é infrutífera e gera tensões que seriam desnecessárias caso a pessoa compreendesse o que o racismo realmente é. É frustrante ter que explicar algo que para mim parece óbvio, mas tudo bem. Devo me lembrar que também cresci acreditando no mito da democracia racial brasileira – pois é, já estive do outro lado, é vergonhoso admitir. Isso porque no Brasil, o racismo é muito sutil e dizem para você que o problema não é racial (mas é). Você já deve ter ouvido expressões como “racismo cordial”, “racismo velado”, etc. O racismo declarado é incomum hoje em dia e fácil de combater. O racismo velado é um grande problema, porque o elemento racial fica sempre implícito. O perpetuador deste tipo de discriminação pode ter preconceitos tão enraizados que não percebe a força motivadora das suas ações.
Em primeiro lugar, não existem raças diferentes entre seres humanos. A raça humana é uma das espécies mais geneticamente homogêneas da Terra. O conceito de raças só foi inventado para justificar a opressão de pessoas de cor (apesar de focar na discriminação aos negros neste blog, o termo “pessoa de cor” serve para qualquer pessoa “não-branca”). Historicamente, os termos “raça” e “espécie” foram intercambiáveis. Afirmar que um ser humano é de outra espécie com base em elementos físicos forneceu a justificação moral para a escravidão e opressão destes povos. Foi afirmado que não tinham sentimentos e que eram incapazes de criar laços familiares. Por serem considerados como animais, não seria imoral explorá-los como se explora o gado nas fazendas. Contudo, apesar de não existir na realidade, o conceito de raça continua influenciando as nossas vidas. O ideal seria que o termo "raça" desaparecesse da nossa linguagem, mas infelizmente não vivemos ainda numa sociedade pós-racialista. Infelizmente, a nossa "raça" ainda importa. Assim, a raça pode ser vista como um construto social, cultural e ideológico, não um fator biológico.
O racismo não é um ato isolado perpetuado por este ou aquele indivíduo. O racismo afeta todas as pessoas de cor simultaneamente o tempo inteiro. Não há descanso ou escape do racismo, nem só por um momento. Ele está sempre lá – noite ou dia, chuva ou sol. Não existe um lugar para onde possamos ir para estar livre dele – nem dentro de nossas casas – ou pior, nem dentro de nossas mentes se não nos educarmos conscientemente! Nos últimos 500 anos, não houve um momento sequer em que ele não estivesse presente.
O preconceito racial é a crença de que uma raça é superior a outra ou a atribuição de comportamentos negativos a uma raça, mas esta crença não se manifesta de forma consciente na sociedade atual, ao contrário do que acontecia no passado quando a superioridade branca era fato científico. Atualmente, poucas serão as pessoas que admitirão para si mesmas que acham que o branco é superior ao negro. Contudo, esta crença se manifesta implicitamente em ações cotidianas que mostram preferência pelo branco.
Um exemplo disso é a violência que o negro sofre. Alguns dirão que isto está relacionado exclusivamente a fatores socioeconômicos, mas o índice de homicídio de negros no Brasil não tem acompanhado o índice de crescimento econômico dos mesmos nos últimos anos. Pelo contrário, houve aumento de 9% dos homicídios de negros, embora tenha havido uma redução no índice de homicídio de brancos no mesmo período. A taxa de homicídio de negros é mais que o dobro da do branco. Quatro homens negros foram assassinados pela polícia americana "por engano" em menos de um mês. O fato causou mobilizações por toda a nação.
O psicólogo Joshua Correll fez um teste para medir preconceitos raciais implícitos. Os participantes do teste teriam apenas alguns segundos para decidir se atirariam ou não nos personagens que apareceriam na tela. Se os personagens estivessem armados, eles deveriam atirar. O estudo revelou que as pessoas eram mais propensas a atirar em negros desarmados do que em brancos armados.
Após as experiências negativas recentes, vejo mais claramente a necessidade de uma conversa aberta sobre o racismo. Não devemos ter medo de falar contra tudo aquilo que nos oprime. Não podemos nos calar.
Em primeiro lugar, não existem raças diferentes entre seres humanos. A raça humana é uma das espécies mais geneticamente homogêneas da Terra. O conceito de raças só foi inventado para justificar a opressão de pessoas de cor (apesar de focar na discriminação aos negros neste blog, o termo “pessoa de cor” serve para qualquer pessoa “não-branca”). Historicamente, os termos “raça” e “espécie” foram intercambiáveis. Afirmar que um ser humano é de outra espécie com base em elementos físicos forneceu a justificação moral para a escravidão e opressão destes povos. Foi afirmado que não tinham sentimentos e que eram incapazes de criar laços familiares. Por serem considerados como animais, não seria imoral explorá-los como se explora o gado nas fazendas. Contudo, apesar de não existir na realidade, o conceito de raça continua influenciando as nossas vidas. O ideal seria que o termo "raça" desaparecesse da nossa linguagem, mas infelizmente não vivemos ainda numa sociedade pós-racialista. Infelizmente, a nossa "raça" ainda importa. Assim, a raça pode ser vista como um construto social, cultural e ideológico, não um fator biológico.
O racismo não é um ato isolado perpetuado por este ou aquele indivíduo. O racismo afeta todas as pessoas de cor simultaneamente o tempo inteiro. Não há descanso ou escape do racismo, nem só por um momento. Ele está sempre lá – noite ou dia, chuva ou sol. Não existe um lugar para onde possamos ir para estar livre dele – nem dentro de nossas casas – ou pior, nem dentro de nossas mentes se não nos educarmos conscientemente! Nos últimos 500 anos, não houve um momento sequer em que ele não estivesse presente.
O preconceito racial é a crença de que uma raça é superior a outra ou a atribuição de comportamentos negativos a uma raça, mas esta crença não se manifesta de forma consciente na sociedade atual, ao contrário do que acontecia no passado quando a superioridade branca era fato científico. Atualmente, poucas serão as pessoas que admitirão para si mesmas que acham que o branco é superior ao negro. Contudo, esta crença se manifesta implicitamente em ações cotidianas que mostram preferência pelo branco.
Um exemplo disso é a violência que o negro sofre. Alguns dirão que isto está relacionado exclusivamente a fatores socioeconômicos, mas o índice de homicídio de negros no Brasil não tem acompanhado o índice de crescimento econômico dos mesmos nos últimos anos. Pelo contrário, houve aumento de 9% dos homicídios de negros, embora tenha havido uma redução no índice de homicídio de brancos no mesmo período. A taxa de homicídio de negros é mais que o dobro da do branco. Quatro homens negros foram assassinados pela polícia americana "por engano" em menos de um mês. O fato causou mobilizações por toda a nação.
O psicólogo Joshua Correll fez um teste para medir preconceitos raciais implícitos. Os participantes do teste teriam apenas alguns segundos para decidir se atirariam ou não nos personagens que apareceriam na tela. Se os personagens estivessem armados, eles deveriam atirar. O estudo revelou que as pessoas eram mais propensas a atirar em negros desarmados do que em brancos armados.
Após as experiências negativas recentes, vejo mais claramente a necessidade de uma conversa aberta sobre o racismo. Não devemos ter medo de falar contra tudo aquilo que nos oprime. Não podemos nos calar.